07 outubro, 2014

em mar aberto

nos últimos dias (duros, difíceis), lembrei da potente voz do milton nascimento cantando essa plataforma onde a gente descansa, se ancora e de onde é possível se lançar quando oportuno. pequena margem de segurança, inventada. a ficção da seguridade contida aí, nessa outra ficção de que se lançar ao mar é escolha. como se estar vivo não fosse isso aqui, esse esforço em manter a cabeça para cima da água, essa luta contra o vento e a tempestade. as fases em que dói o peito com o cansaço de nadar sem trégua.


e porque lembrei dessa canção, lembrei também de drummond.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação (Os ombros suportam o mundo. Sentimento do mundo).

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