30 outubro, 2008

Elephants

Um pouquinho da Yamagata, só para lembrar que viver é perigoso:

"So for those of you falling in love
Keep it kind
Keep it good
Keep it right
Throw yourself in the midst of danger
but keep one eye open at night".
(Rachel Yamagata, Elephants. Do álbum novo, de mesmo nome)

Ainda não tinha conseguido ouvir com a devida atenção. O álbum inteiro é lindo, mas doído demais. Perfeito para um dia cinzento.

27 outubro, 2008

A cidade residual

Antes de vir para São Paulo, eu tinha medo de São Paulo. Medo, não: pavor. Quando passei no vestibular para a 2ª fase, em 1995, sonhava to-dos os dias que a cidade era enorme e eu era tão pequena que quase me perdia em cada posto, em cada esquina.

Mesmo depois de ter vindo, eu ainda tinha medo da cidade. Só fui perdendo o medo ao fazer uma das coisas que mais me assustavam: andar no Centro de São Paulo. Primeiro, ia de vez em quando com a Ana Lúcia, que morava no finalzinho da Brigadeiro Luiz Antonio. A gente ia andar na República, no Teatro Municipal, ver o prédio da Light...Era tudo tão intenso. E ao mesmo tempo tão humano. E foi então que entendi que a cidade era viva, o que me fez com que o medo diminuísse consideravelmente.

Quando fizemos Métodos em Pesquisa III, acabamos reunindo um grupo de amigos e escolhendo o Mercado Municipal como "objeto" de pesquisa: durante quase seis meses, uma vez por semana, nos encontrávamos no Café Girondino, no Largo do São Bento, e de lá caminhávamos até o Mercadão. Às vezes, cortávamos caminho pela 25 de março. Aliás, sempre que passo lá me lembro de todos nós caminhando em meio à confusão, gritos, camelôs e do Mauricinho que, um dia, com um ar bem tranquilo, virou para nós e disse "- Tá vendo ali? Naquela esquina? Pois foi ali que o Contrato Social foi rasgado".

Com o Prof. Martins, de Sociologia da Vida Cotidiana, também realizamos vários passeios ao Centro: ao Cemitério da Consolação, ao Mosteiro de São Bento, ao Mercado Municipal, Pátio do Colégio, Museu dos Imigrantes. Com ele, aprendemos a decifrar as camadas das diferentes sociedades presentes nos monumentos, na arquitetura, na arte: a disposição da cidade revelando as maneiras de dispor das pessoas e dispor as pessoas.

Foi com o Martins também que lemos Henri Lefèbrve, sociólogo/filósofo marxiano que dedicou parte de sua obra à análise da vida cotidiana. Lefèbrve construiu uma sociologia rica em tensões e em vida, opondo-se a uma concepção empobrecedora e determinista de Marx. Ele não dividia, por exemplo, a sociedade entre alienados e não-alienados, entendendo que alienados somos todos uma vez que as mediações são parte da vida social e é impossível sempre ter consciência de tudo. De outro lado, o poder nunca é absoluto, há sempre algo que lhe escapa: aquilo que é residual, que não se deixa cooptar, que persiste mesmo que não necessariamente como consciência acabada de alguma coisa: persiste como mal-estar, como pesadelo, como algo que está "fora do lugar". É residual tanto porque é o que "resta" como porque pode restar sob a forma de uma pequena sobrevivência ao qual a sociologia precisa estar atenta (daí a importância de uma sociologia da vida cotidiana).

Lembrei de tudo isso porque, na semana passada, o querido Mauricio Ayer me mandou uma mensagem em que contava um pouco do projeto Cartão Postal, realizado pelo coletivo de artistas do qual ele faz parte - As Rutes - na Mostra Sesc de Artes. Eles selecionaram alguns lugares, "cartões postais" da cidade como o Vale do Anhangabaú, o Parque da Luz, o Viaduto Santa Ifigência e a Bolsa de Valores, entre outros, e prepararam intervenções especiais em cada um deles. A partir da experiência, foram criados Cartões Postais residuais de cada espaço, isto é, cartões que não registram a paisagem morta do cartão postal, mas a vida de quem passa por ali.

Os registros estão no blog O Diário do Viajante e são muito, muito interessantes. Os monumentos que viram cartões-postais em geral são construídos como afirmações de poder, como expressões do desejo de afirmar uma nova ordem (caso do Mercado Municipal, por exemplo, parte de um projeto de higienização da cidade): são feitos de beleza, mas também de opressão; podem ser celebrativos, mas querem fazer desaparecer a vida de todo dia, na medida em que se inserem em outro espaço e outro tempo.

Por isso, é muito legal essa '"brincadeira" de experimentar os espaços dos cartões-postais, seja estimulando os sentidos (vejam o cartão do Viaduto Santa Ifigênia), seja recuperando as histórias que permeiam o espaço e a relação das pessoas com o espaço (vejam os causos do Parque da Luz), seja contrapondo-se ao barulho simplesmente ficando em silêncio (no Vale do Anhangabaú). Mais legal ainda é que o cartão que resulta do processo é muito eloqüente para apontar as tensões, as ambigüidades, a vida que acontece no espaço congelado para ser visto pelos olhos dos turistas. A beleza de quem vive o espaço é diferente da de quem com ele tem uma relação de consumo (aprendi também com o Martins e o Lefèvbre: a lógica do usuário é diversa da lógica do consumidor...). Os turistas consomem o espaço; os cidadãos, o utilizam.

Por isso, os "retratos" que fizeram As Rutes dos nossos cartões-postais resultaram em registros bonitos dos desencontros e dos encontros que acontecem na cidade. Não foram fotos panorãmicas, mas fotos com um zoom muito potente. Tão potente que registrou parte dos resíduos presentes na cidade: a lógica, os sentimentos, as sensações e as críticas de quem está na cidade não para consumi-la, mas para viver nela. Os resíduos de humanização e de esperança que tornam possível que não sejamos engolidos pela cidade e seus intensos fluxos; resíduos que transformam o medo em sedução: nos meus sonhos, a cidade não mais me devora - somos irredutíveis, ela e sua intensidade demoníaca, eu e minha humanidade recalcitrante.

Obrigada, Mau, por ter se lembrado de mim e provocado tantas lembranças e reflexões. Não vejo a hora do meu cartão-postal chegar!




("São, São Paulo, mon amour"; Tom Zé)

24 outubro, 2008

Meus rubores... (Update)


Já faz um tempo que percebi que tem muita gente que chega aqui procurando informações sobre rosácea ou sobre tratamento homeopático que trate da rosácea, por causa desse post. Então, resolvi escrever um pouquinho mais sobre o assunto.

Eu sempre fui propensa a ficar vermelha: quando ficava com vergonha, quando tomava chá, quando consumia álcool...Se pegasse sol, então, era queimadura certa! Piorou depois dos 18 anos.

Mas foi na gravidez que a coisa desandou mesmo: fiquei com manchas vermelhas, vasinhos aparecendo no rosto, qualquer coisa ficava quente e quase roxa! Achava que era hormonal e só passava um filtro solar, com álcool (pior besteira, porque isso agravou a situação).

A rosácea pode parecer espinha, mas não é: são pequenas inflamações na pele, vasinhos...Sabe-se pouco sobre a rosácea, mas uma das hipóteses mais certas é que uma das partes do problema é da circulação sanguínea na região do rosto.

Quando descobri que tinha rosácea, pesquisei na internet e fiquei bem chateada, pois ninguém sabe como ela aparece, não há medicamento alopático realmente efetivo, não tem cura, enfim... Mas como eu sempre fui de somatizar minhas dores e crises e de tratá-las com terapias alternativas, fiquei feliz de ler relatos de melhoras com homeopatia.

Uma coisa, então, que aviso pra quem chega procurando por medicamentos homeopáticos é que a coisa não funciona bem assim. Não há UM remédio para a rosácea: ela melhora se você estiver sob tratamento homeopático. As formas de trabalho do médico podem variar; a minha médica, por exemplo, não usa medicamento de repetição: quando nos consultamos com ela, ela avalia como estamos, como respondemos ao medicamento de fundo receitado da última vez e com base na avaliação, receita um medicamento - que pode ou não ser o mesmo. Medicação repetida, só em caso de crises.

Bom. Além da homeopatia, eu vou sempre à minha dermatologista. Como eu estava amamentando desde que comecei a ir nela, sempre fizemos uso de tratamentos suaves. Em dois anos e meio, melhorou muuuito, sem necessidade de grandes intervenções :-)

Vou dizer aqui o que venho usando, só porque são produtos chamados de dermocosméticos, comercializados sem prescrição médica.

Para lavar o rosto, é preciso evitar sabonetes. Eu uso o Cleanance, da Avène - dentre os que experimentei, é o que gosto mais, pela textura que deixa na pele e pelo custo/benefício.
Mas o Effaclar Gel, da La Roche Posay, também é uma boa opção, embora eu pessoalmente tenha sentido a diferença desde que ele deixou de ser fabricado na França e passou a ser fabricado aqui.
E uma boa opção é o Acne Care Gel, da Cosmiatrics, que deixa a pele quase tão suave quanto o Cleanance. Eu gosto inclusive mais do que do Effaclar.
Embora o preço desses produtos não seja barato, eles duram bastante. O meu Cleanance, com 200ml dura em média três meses.
Já testei o PurifAC, da Ròc, e achei que ele irrita um pouco a pele, deixando aquela sensação de repuxe. Depois, fui olhar melhor a fórmula e tinha ácido salicílico. Segundo minha dermatologista, pessoas com rosácea poderiam usar somente produtos com ácido glicólico - como nas formulações do Effaclar, por exemplo. Ou seja, embora o produto tenha um preço médio melhor do que os semelhantes, para quem tem rosácea não vale muito a pena...

Voltando aos cuidados, todos os dias, filtro solar, fator 30 no mínimo. Mas tem que ser um cuja textura não facilite o surgimento de espinhas. Eu usei o Anthelios 30 - Fluide Extreme e faz quase um ano que tenho usado o Anthelios AC 40. Ambos são ótimos, fluídos, sem cheiro e são rapidamente absorvidos. Além disso,
não deixam a pele gordurosa.

No inverno, para evitar o ressecamento, tenho alternado o Anthelios com o Hidratante com fator 30 da L'Oreál, (especial pra pele brasileira, sabem? Aquele que a Angélica faz a propaganda) ou o Minesol, Soy, 30, da Ròc. Em relação ao Minesol, ele não dá espinhas, e protege bem, mas confesso que me incomoda de vez em quando o cheirinho de protetor solar - mais suave que Sundow, mas ainda assim...

De noite, uso o Diroseal, da Avène, que é estranho e verde igual o creme da imagem acima :-) Mas é um dos únicos produtos para peles com rosácea que existem. A La Roche Posay tem uma linha para peles sensíveis (Toleriane), mas o Diroseal é o único que tem como efeito melhorar os vasinhos e a circulação do rosto. Quando passo, sinto imediatamente que a pele dá uma refrescada.

Vale prestar atenção em comidas e bebidas que pioram o quadro. Tem épocas, por exemplo, que não posso com frutas cítricas: é consumir e ficar vermelha. Picos hormonais também fazem variar o vermelhão. É preciso evitar banhos muito quentes e ventos muito gelados. Em outras palavras: nada de extremos...

É isso. Não tem milagre, nem solução fácil. Precisa paciência, disciplina e mais paciência. E de vez em quando voltam as crises e dá vontade de se esconder... Dureza...

Finalmente, antes de comprar vale dar uma pesquisada de preços. Lojas dermatológicas costumavam ter o preço mais em conta (pelo menos uns 10% a menos, em relação ao preço das Drogarias). Mas ultimamente, em especial depois que a La Roche Posay passou a fabricar algumas coisas no Brasil e baixou os preços de alguns produtos, sempre olho também nas drogarias porque tem coisas que têm saído mais em conta na farmácia mesmo. De todo jeito, dou uma consultada no site da Dermadoctor.

Na última consulta (julho/2010), a dermatologista me deu duas dicas, que podem servir também para quem mora em São Paulo:
Belle Pharma Delivery - (11) 55815381 e Farma Rende (11) 38798888. Nunca usei o serviço, mas para quem quiser fazer uma consulta mais completa antes de comprar, talvez sirva.


É isso. Espero que ajudem quem chega aqui procurando por informações sobre a rosácea.

Em tempo: os produtos que uso hoje ou estão listados como de baixo risco ou não aparecem na base de dados do Skin Deep.

Em tempo 2: Quem quiser informações mais completas, vejam esse post, do Bulle de Beauté, super claro e elucidativo.

Imagem: http://aryssu.blogs.sapo.pt/4245.html

23 outubro, 2008

Mais coisas boas da vida

Para continuar na língua espanhola...



Cafe Tacvba, "Como te extraño".

Coisas boas da vida


Dica do marido: AutoLiniers, blog de charges divertidas e simpáticas criadas pelo artista argentino Ricardo L. Siri. Ele esteve por aqui (São Paulo) ontem, falando na Fnac Pinheiros.

Ele escreve também no Cosas que te pasan se estás vivo. E tem um site oficial.

Vale a(s) visita(s)!

*Clique na tirinha, para aumentar.

22 outubro, 2008

Tomás

"A cidade toda/ Veio ver o Tomás
Que nascera, que maravilha/ O menino, filho da filha
Que dormia em paz/ Sonhava que juntou
Os tios os pais/ Com todos os demais"
(Baião do Tomás, Luiz Tatit)


A gravidez não planejada abrira chance de trégua naquela guerra que vinham travando todos os dias, em tentativas desajeitadas de chegar a um veredicto sobre se valia ou não a pena de ficarem juntos.

Ainda assim, a tensão crescia no mesmo ritmo da barriga dela. Expectantes, não haviam ainda tomado decisão alguma até aquele dia, em que o trabalho de parto começou.

Na casa que era deles, preparando-se para a chegada do filho tão inesperado, conversaram longa e honestamente – como quando haviam se conhecido. Enfrentando, ao mesmo tempo em que enfrentavam as dores das contrações, a dor maior ainda da possibilidade de separação.

Nove horas depois, quando o filho nasceu e ela pôde enxergá-lo, vendo nele os olhos do marido e o mesmo jeito de dormir (com as mãos sobre os olhos) que tanto a enchia de ternura desde as primeiras noites passadas juntos; e ele pôde enxergá-lo, vendo a boca igual à da mãe e a mesma pinta que ele tanto amava plantada ali no ombro esquerdo, deixaram-se convencer de toda sua história em comum que o filho tão docemente encarnava. E sentiram-se capazes para decidir: nasceram pai e mãe; renasceram marido e mulher.


21 outubro, 2008

Edu (3)

Catavento e Girassol (Aldir Blanc e Guinga)

Meu catavento tem dentro
O que há do lado de fora do teu girassol
Entre o escancaro e o contido
Eu te pedi sustenido
E você riu bemol
Você só pensa no espaço
Eu exigi duração
Eu sou um gato de subúrbio
Você é litorânea

Quando eu respeito os sinais
Vejo você de patins
Vindo na contra-mão
Mas, quando ataco de macho
Você se faz de capacho
E não quer confusão
Nenhum dos dois se entrega
Nós não ouvimos conselho:
Eu sou você que se vai
No sumidouro do espelho

Eu sou do Engenho de Dentro
E você vive no vento do Arpoador
Eu tenho um jeito arredio
E você é expansiva (o inseto e a flor)
Um torce pra Mia Farrow
O outro é Woody Allen...
Quando assovio uma seresta
Você dança, havaiana

Eu vou de tênis e jeans
Encontro você demais: Scarpin, soirée
Quando o pau quebra na esquina
Você ataca de fina
E me ofende em inglês:
É fuck you, bate-bronha
E ninguém mete o bedelho:
Você sou eu que me vou
No sumidouro do espelho

A paz é feita no motel
De alma lavada e passada
Pra descobrir logo depois
Que não serviu pra nada
Nos dias de carnaval
Aumentam os desenganos:
Você vai pra Parati
E eu pro Cacique de Ramos

Meu catavento tem dentro
O vento escancarado do Arpoador
Teu girassol tem de fora
O escondido do Engenho de Dentro da flor
Eu sinto muita saudade
Você é contemporânea
Eu penso em tudo quanto faço
Você é tão espontânea!
Sei que um depende do outro
Só pra ser diferente
Pra se completar
Sei que um se afasta do outro
No sufoco somente pra se aproximar
Cê tem um jeito verde de ser
E eu sou meio vermelho
Mas os dois juntos se vão
No sumidouro do espelho

20 outubro, 2008

Rituais

Destaque para o P.G. roubando marshmallows!


Ontem, depois quase um ano de expectativa (rs...), foi a festa de três anos do Rodrigo. Ele estava num nível de ansiedade tão grande, que a gente precisou fazer um ensaio de "parabéns" no começo da festa! (Aliás, meus agradecimentos à Eliane, querida, que dividiu comigo sua experiência com os aniversários do Cauê - igualmente ansioso - e abriu essa possibilidade. Incrível como de vez em quando tudo o que a gente precisa é alguém que nos pergunte: "por que não?"!).

O bolo teve que ser posto na mesa no começo da festa, porque ele estava inconformado que o bolo estava guardado na geladeira. Talvez ele achasse que só quando o bolo está na mesa é que a festa está valendo :-)

Como os primeiros a chegar foram parentes e amigos nossos, a um certo ponto ele ficou muito chateado: "mamãe, eu quero os meus amigos".

Aliás, fiquei bem impressionada de perceber como ele não tinha se dado conta de que iria ganhar presentes na festa. Ele achou que ele só ganhava presente dos pais e ficou todo desenxabido quando viu a vó e a tia chegando com presentes...Ficou super tímido, meio com medo de abrir os pacotes. Ele estava esperando mesmo eram os amigos chegarem: essa era a razão de tanta expectativa.

E, graças a Deus, eles chegaram. A gente estava super preocupado, porque no dia anterior tinha tido a festa de uma amiguinha da classe dele, e ontem foi aquele dia bonito, né? Chove-não chove, um friiiiio. Achamos que ia dar W.O. Mas os amigos dele foram chegando, todos juntos e encapotados. Aí sim ele ficou feliz, brincou, pulou, correu.

E como em um dado momento o P.C. se vestiu de Homem-Aranha, o Rô abriu o presente que ganhou da avó e do tio: a sua própria fantasia de Homem-Aranha, super cheia de frescuras, que acende a aranha no peito...Gente! A alegria desse menino vestido de homem-aranha foi imensa! Eu fiquei muito emocionada de vê-lo, andando, todo orgulhoso, fazendo poses de herói. Fora que a bateria da roupa quase acabou ontem mesmo.

Na hora do parabéns, ele nem comeu o bolo direito: o único interesse dele eram as estrelas e o R azuis que enfeitavam o bolo! Aliás, essas estrelas foram tema de todas as conversas sobre o aniversário dele: ele passou um ano falando delas! Obrigada, de novo, Tati e Ju.

Os espetinhos de marshmallow foram a sensação das crianças. E dos adultos, também! Aliás, enquanto as crianças foram exemplares em esperar cantar os parabéns antes de pegar os doces, os adultos...E o pior, com a indulgência - pra não dizer incitação - da senhora minha mãe!

Depois que acabou a festa e conseguimos organizar tudo, subimos e então eu peguei o Homem-Aranha no colo. Em dois minutos estava dormindo. E na hora em que fomos colocar o pijama, ele ainda reclamou: "não, não, não gosto de dormir...". Que delícia que é ter dias e momentos que a gente não quer que acabem mais.

Homem-Aranha depois da farra!

19 outubro, 2008

Correria

A semana foi corrida, nos preparativos para a festa do Rodrigo: preparar lembrancinhas, comprar as últimas coisas, fazer e enrolar os docinhos.

Aliás, depois escrevo com calma sobre os docinhos, para dar idéias a quem tem filhos alérgicos ao leite de vaca. O Rodrigo é alérgico, então fazemos todos os docinhos (brigadeiro, beijinho e bicho-de-pé) com leite condensado de soja. É meio chato de dar ponto e ele fica um pouco mais doce, mas pelo menos uma vez no ano o Rô pode ir a uma festa em que não precisa ouvir da mãe: "só pode comer um brigadeiro, tá?".

E o bolo também não tem leite. Preparado pelas queridas Tatiana e Juliana, da Prieto Doces, o bolo é de pão-de-ló, recheado com baba-de-moça e cobertura de marshmallow.

Aliás, também aproveitamos para fazer espetinhos de marshmallow, que o Rô adora. Nos outros anos, fazíamos gelatina, mas como esse ano esta friozinho, decidimos pelos espetinhos. Eu ia fazer maria-mole (TODOS os nossos aniversários - meus e da minha irmã - tinham maria-mole; não daquela com cara de meia velha e suja, mas da de caixinha, cortada em quadradinhos e passada no côco ralado), mas o Rô não se entendeu com o côco e eu desisti...

Bom. Tudo isso pra dizer que não tenho conseguido escrever muito por aqui. Na minha lista semanal de to-dos não faltam assuntos anotados, mas...Sou uma só, né? Mesmo que quando eu diga isso o Rodrigo ralhe comigo, dizendo: "Não! Você é duas!'.

Ai, como eu queria mesmo ser umas duas ou três...

16 outubro, 2008

Não canso nunca



(Chico Buarque, Telma Costa, Tom Jobim; "Eu te amo").

Ultimamente, todo dia acordo com uma música diferente do Chico Buarque no corpo. Tanta boniteza...

15 outubro, 2008

Eu te amo


"Se ao te conhecer/ dei pra sonhar, fiz tantos desvarios/
Rompi com o mundo, queimei meus navios/
me diz pra onde é que ainda posso ir", (Chico Buarque)



Já é só de vezemquando que dói não te ver, não saber como você anda, não ouvir a sua voz. Hoje, o que dói mesmo é a expectativa de te encontrar por acaso, de te ver sem aviso prévio, de me saber incapaz de camuflar a palidez repentina, a gelatina das pernas ou a brandura do amor latente.

Quando fui embora, esperava que não te ver nunca mais fosse suficiente para não me apaixonar a cada reencontro. Não é. Ou pelo menos não foi, até agora: continuo me apaixonando pela sua ausência.

Deveria ter sabido antes que a uma paixão recorrente é possível dar o nome de amor. Deveria ter tido a coragem de me lançar na correnteza ao invés de fincar os pés em terra firme.

Peço perdão por ter saído batendo a porta. E te perdôo por não ter feito nada para reabri-la.

Quando as máquinas param


Aqui em casa, as máquinas costumam cansar quando chega outubro.

Passamos a prestar atenção há três anos, logo depois do Rô nascer. Quando a bolsa estourou, e eu me preparava para ir para a maternidade, percebi que a torneira da pia do banheiro tinha estragado e passara a vazar água tanto quanto eu! Fomos para o hospital deixando o registro fechado...

Trocada a torneira, foi a vez do fogão, que nos deu um baita susto: uma tarde chegamos em casa e o dito cujo estava com a porta do forno aberta. Fantasmas? Pior. Um vazamento contínuo de gás. Tivemos que comprar outro fogão.

No ano passado, mais ou menos nessa época, quebrou o computador (perda total. Ainda bem que existe o André e ele recuperou a maior parte dos arquivos.: minha dissertação de mestrado, inclusive, além de várias fotos da família). E a impressora também quebrou, tudo na mesma semana. Tivemos que substituir ambos, porque o preço do conserto da impressora era o preço de uma igual, nova.

Esse ano já quebrou o ferro de passar roupa (e agora temos um novo, bárbaro e azul!), o chuveiro (lembram que na semana passada contei que acordei e o chuveiro estava quebrado? Não era só a resistência...) e a querida máquina de lavar roupa - ainda estamos esperando as peças chegarem para consertar.

Estou considerando seriamente a possibilidade de comprar um cofrinho e apelidá-lo de "Poupança para outubros".

Sabem o que é pior? É que não são apenas as máquinas que cansam ao final do ano. Uma gripe quis me pegar na última semana e passei vários dias, assim, dividida entre a montanha de coisas a fazer e a vontade de descansar. Fui ficando no meio termo, e parece que a gripe desviou de mim. Pelo menos por enquanto.

Eu entendo essas máquinas: trabalhar sem trégua cansa mesmo. E a gente não é máquina.

Acho que elas só querem nos ensinar a reconhecer a hora de jogar a toalha e parar um pouquinho - descansar, substituir as peças, tomar fôlego, ritualizar o ciclo do ano... Fazer um pouco de nada.

Imagem: http://www.jucelinosousa.com.br/2008/01/

13 outubro, 2008

Instantâneos

Rodrigo, sábado, escolhendo comida no restaurante:
- Rô, você quer de qual sushi? Desse com alga em volta?
- Não! Eu quero do sem roupa! (leia-se: quero do que só tem sementes de gergelim e papoula por fora).

Rodrigo, às 7h30 da manhã de domingo, chegando na cozinha de triciclo:
- Olha, mãe! Eu aprendi a andar! Eu estou grande!
- Puxa, filho, é mesmo. Você aprendeu a andar pedalando...
Nisso, Edu acorda e vem comentando:
- Olha, Rodrigo. Você aprendeu a pedalar. Parabéns! Você aprendeu na escola?
- Não, pai. Eu aprendi aqui na cozinha...

E há uns dez dias, eu tinha ido comprar um livro na Livraria Cultura. Então, fui até a seção de Sociologia e pedi para me ajudarem a localizar. Estávamos lá o Edu, eu e o Rô e mais dois atendentes. O moço procurando e me perguntando:
- É Pesquisa...
E eu: - Pesquisa qualitativa.
Então, o Rodrigo escutou algo que pareceu interessante:
- Do Tatit, mamãe? A gente tá procurando livro do Tatit?
O moço ficou lá, dando risada...

Festa


Hoje o Rodrigo completa três anos de vida fora da barriga.

Deve ser um dos aniversários mais esperados dos últimos tempos, porque - como muitas crianças - o Rodrigo passa muito tempo preocupado em crescer, fazendo planos para "quando eu for grande; quando eu crescer e ficar grande igual o papai".

Desde o semestre passado que ele estava esperando o dia dele chegar. O que me obrigou a marcar alguns acontecimentos intermediários que lhe ajudassem a compreender a passagem do tempo: aniversários de família, férias, festas...E não é que com essa sucessão de datas e compromissos o tempo passou mesmo muito, muito rápido? E cá estamos nós: três anos depois do dia em que pudemos olhar o Rô nos olhos pela primeira vez.

No primeiro ano de vida do Rô, ainda conseguia estar mais perto dele, acompanhando cada pequeno passo. Escrevendo as crônicas de conviver com ele no "Livro de Histórias do Rodrigo". Parei no volume 2.

Porque no segundo ano vieram trabalhos, os prazos do doutorado, minhas crises tão intensas...Embora juntos, embora perto, fomos dando mais passinhos nesse processo interminável de diferenciação entre mãe e filho. Ele foi se tornando cada vez mais uma pessoinha distinta de mim, embora ainda cuidássemos de nossos momentos de fazer de conta que ainda éramos um: a amamentação, o dormir pertinho, os passeios no sling...

Mas não dá para parar a vida, mesmo que seja para ver uma pessoa florescer. E nem estou falando só da minha, mas também da dele: que este ano aprendeu a falar mais e mais, a dizer do que sente, a fantasiar e a ter medo, a dizer "não" com veemência, a chorar não só de dor de corpo, mas também de dor de alma. Ele também aprendeu - aprendemos - outros rituais de acalentar, deixando de lado aqueles que conhecíamos. Primeiro, ele deixou de caber no sling; depois, meu joelho dolorido dificultou nossos passeios de mei-tai; depois, foi a conquista da própria cama, que ele fez com alegria, aproveitando a presença das irmãs mais queridas, nas férias; finalmente, deixou de mamar, sozinho, sem grandes crises - parou de vez há uns dez dias.

Cresceu. Cresce muito esse meu menino. Cresce nas brabezas e também nos carinhos; cresce nas mágoas e também nos perdões. Cresce e se intensifica: está vivo, afinal.

Rodrigo, meu filho: você que já me ensinou tanto, me ensina a delicadeza de fazer o tempo se demorar? Só para que eu aprenda com calma e amor, no meu corpo, a te parir pro mundo sem me ressentir da rapidez com que você corta o cordão umbilical? Me ensina, filho, a te amar soltando a mão?



* Acalanto, do Dorival Caymmi, é uma das músicas prediletas do Rodrigo. Já o vi, inclusive, cantando pro Amigão, para fazê-lo dormir :-)

Imagem: http://www.meusparentes.com.pt/blog/category/divertido/page/2/pt/

09 outubro, 2008

Delicadeza

Era esse o nome da conferência da Maria Rita Kehl que fomos assistir ontem.Eu nunca a tinha visto falando e gostei muito dela.


Como ela mesma disse, a delicadeza não é algo que seja possível abordar diretamente, sendo necessário realizar aproximações a fim de delinear alguns contornos sobre o tema do qual se fala.


Desde o início da fala dela, porém, ficou claro que ela estava tratando da delicadeza como algo que se contrapõe à velocidade e ao fluxo contínuo do tempo, que nos atropela e nos impossibilita fixar experiências. É à aceleração do tempo rumo a um futuro que nunca chega, portanto, que ela contrapõe a idéia de delicadeza.


Ao longo da fala, para evitar que se pensasse a delicadeza como um meio para atingir determinados fins, ela tentou marcar a delicadeza como efeito. Porém, em alguns momentos ela tratou a delicadeza como uma atitude, como a possibilidade de criar distância da correnteza da passagem do tempo. Eu, particularmente, gosto mais dessa maneira de entender a delicadeza.


Na verdade, me interessei em ouvi-la falar porque é um tema que também me é caro (a ponto do meu marido um dia ter sugerido que haveria uma ética no meu modo de me colocar no mundo baseada na delicadeza, que não tem nada a ver com “bonitinho” mas sim com algo que ele chamou de “beijar com socos”; assim como a Ju, que me disse que fiz da delicadeza a minha maneira de arregaçar às mangas e ir à luta).


Mas quero seguir na trilha aberta pela Maria Rita Kehl, da contraposição entre a delicadeza e o correr do tempo, que inexoravelmente nos leva em direção à morte.


É um tema sociológico clássico: a modernidade como a passagem do tempo cíclico para um tempo linear, contínuo e inteiramente voltado para o futuro porque ancorado na idéia de progresso. Está lá no Weber, por exemplo, a diferença entre o sentimento de plenitude da vida que pode ter um camponês e o sentimento de cansaço que pode ter um homem moderno, para quem nunca nada é suficiente.


Assim como está no Benjamin a figura do anjo que tenta inutilmente conter a tempestade do progresso, tentando olhar para trás e distinguir no passado os acontecimentos (já comentei aqui sobre essa leitura do Benjamin a respeito do quadro do Klee). Aliás, a Maria Rita Kehl se referiu ao Benjamin, dos textos “Experiência e pobreza”, “O narrador” e os comentários sobre Baudelaire.


Não vou conseguir escrever todas as dimensões que a fala dela me provocou a pensar, então vou ficar apenas com uma. Ela citou o Heidegger, num texto em que ele dizia da “necessidade de proteger a finitude” (ação que ela aproximou da idéia de delicadeza).


Ela tomou outro caminho em sua análise, mas eu fiquei pensando (e era essa a pergunta que eu ia fazer a ela, Maurice) se “proteger a finitude” não significa reinserir a morte do horizonte do tempo. É uma ação que pode ser pensada do ponto de vista individual, claro (e vou aproveitar aqui para fazer propaganda do lindo texto escrito pela Kalu, lá nas Mamíferas, que traz uma bela reflexão sobre as relações entre vida e morte) mas que também pode ser pensada do ponto de vista metodológico – sociologicamente, porque é esse o meu campo, mas acho que valeria para as Ciências Humanas em geral.


Como ultimamente eu tenho lido muito o Foucault, me impressiona na maneira que ele tem de pensar as coisas, esse esforço contínuo de des-naturalizar termos, categorias e formas que a gente acaba tomando por naturais. O Estado; o Poder; a Loucura... À essa “essencialização” dos termos e formas, ele contrapõe um “esvaziamento”, que implica em fazer uma história das relações que preencheram tais termos e formas de um certo sentido. Parece óbvio, mas, infelizmente, não é.


Talvez seja possível entender essa maneira de construir as questões, identificando problematizações, pensando a partir das crises e das impossibilidades que se tornaram possíveis, como uma maneira que se desdobra da inserção da morte e da finitude no horizonte do tempo. Ao invés de ver a continuidade de um Estado essencial, ele vai demarcando os acontecimentos que implicaram em transformação, em inversão, em ruptura ou descontinuidade em uma determinada arte de governar, que assim torna possível uma outra forma. Sob a mesma figura do Estado, tem-se portanto um outro conjunto de governamentalidades ou, ainda, uma nova articulação entre as governamentalidades que já existiam.


Sob a aparência de continuidade e progresso, a análise insere a possibilidade de compreender o fim de alguns mundos. O que, aliás, me lembra de um trecho de uma crônica do Drummond:


Não se sabe ainda se o mundo acabou realmente no sábado, como fora anunciado. Pode ser que sim, e não seria a primeira vez que isso acontece. A falta de sinais estrondosos e visíveis não é prova bastante da continuação. Muitas vezes o mundo acaba em silêncio, ou fazendo um barulho leve de folha. Tempos depois é que se percebe, mas já então vivemos em outro mundo, com sua estrutura e seus regulamentos próprios, e ninguém leva lenço aos olhos pelo falecido.


A inserção da morte no horizonte da vida, então, é uma posição analítica que abre espaço para que seja possível marcar a especificidade que subjaz à aparente continuidade. Não para levar lenço aos olhos, mas para "nomear as heranças" (se quiséssemos falar como a Hannah Arendt) ou para mudar o jogo estratégico (se quisermos falar como o Foucault).


Antes de terminar este post excessivamente auto-referido, queria só registrar que, depois de ouvir sobre o Heidegger e sua proposta de “proteção da finitude”, me pareceu ainda mais interessante que a Hannah Arendt (que foi aluna e amante dele) tenha feito uma reflexão tão interessante sobre “os novos começos”, isto é, sobre os momentos em que as possibilidades estão abertas e em que há espaço para inauguração de novas tradições. À inexorabilidade do fluxo tempo, ela contrapõe as promessas e o perdão, como ações humanas que subvertem – ela não usa esse termo, isso sou eu e a minha fixação pelo Octavio Paz – o fato de que o tempo não volta atrás e nem pode ser apressado.

Imagem: Patricia Metola, em http://tipika.blogspot.com/

06 outubro, 2008

As cinzas das horas

Tanta coisa acontecendo, tanta coisa para registrar, mas no fim do dia sobra só o cansaço e as cinzas das horas, sempre insuficientes. Consumidas, elas e eu.

Rodrigo às vésperas de completar três anos, está cada vez mais lindo e esperto. Mas também em crise, sem saber se é bom mesmo esse troço de crescer. Presta atenção em tudo o que dizemos, e depois não esquece mais. Outro dia, conversando com ele, comentei que ele estava crescendo e que ele iria crescer ainda mais. E que então eu não conseguiria mais carregá-lo, mas que, mesmo assim, ele sempre teria colo. Então, na semana passada, um dia ele acordou muito tagarela e animado e me disse: "esse pijama está ficando pequeno. Porque eu já cresci e agora sou grande! E não vou caber no colo... Mãe? Posso deitar na sua perna?".

E eu ando tão sem paciência...Ele em crise, provocando, exigindo atenção. E eu exausta, preocupada com minha tese e meus prazos. Fica difícil saber se a crise é por minha causa ou se minha ausência-presente piora a crise. E a culpa que sinto, quando acho que é por minha causa, não melhora nada meu humor, nem aumenta minha paciência. De maneira que as coisas não estão fáceis.

O jeito é respirar fundo, contar até mil e tranformar irritação em amorosidade. O jeito é fazer milagre. E tentar não perder o meu menino de vista no meio do excesso de vida.

"Mas ao amanhecer eu penso que nós somos os contemporâneos do dia seguinte. Que Deus me ajude: estou perdida", (Clarice Lispector).

Enquanto isso (na Sala de Justiça): hoje a mamífera convidada no blog das Mamíferas sou eu, falando sobre os medos que temos e tentando descobrir Quem tem medo do lobo mau? Vai !

Para terminar, um pouco de cor no cinza, tirada num dos dias chuvosos que têm feito ultimamente:


03 outubro, 2008

Murphy

Então que Rodrigo ontem chegou tão cansado da escola que comeu e dormiu, sem tomar banho-escovar dente-colocar pijamas. Quando cheguei em casa, ele já estava dormindo...

Hoje, já acordamos atrasados. E, quando fui entrar no banho, tchã-rã! A resistência tinha queimado...O que me levou a tomar um banho gelado, pra começar bem o dia, né? Embora, é preciso reconhecer, que se fosse em qualquer outro dia dessa semana, teria sido beeeem pior.

E eu tinha que dar banho no Rodrigo, que ainda estava com a mesma roupa com a qual foi na escola ontem. Toca encher piscina, toca ferver água, toca fazer mil viagens para encher a piscina de água morninha (e viva a água quente na torneira da cozinha!). Dei banho no Rô, que na hora de sair chilicou que queria, além do balde, a pá e - num gesto de revolta - começou a jogar água no banheiro todo.

Enfim. Depois de muitas enrolações para pôr roupa, tomar café, escolher sapato, arrumar a bolsa etc., conseguimos chegar na escola. Uma hora e meia depois do horário de entrada!

O bom é que, com tudo o que ele dormiu, ele estava bem-humorado.

É, tá. Nem foi tão ruim assim...